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Conhecimento solidário

Por Anísio Brasileiro, reitor da UFPE

Boaventura de Sousa Santos (2011) refere-se à Universidade do século XXI como aquela que tem a especificidade de constituir-se em um bem público que liga o presente ao médio e longo prazo pelos conhecimentos e pela formação de qualidade que produz. Para o autor, ela se conecta a um projeto de país que seja capaz de responder às demandas da sociedade por mais acesso à educação superior de qualidade. Para que esses projetos de países sejam bem-sucedidos, devem, necessariamente, articular-se em escala internacional, tendo como referência a construção de um modelo de globalização solidária. As universidades públicas nacionais são essenciais nessa construção, pois a elas cabe o papel de se associar para gerar conhecimentos com benefícios mútuos. Essa tem sido a visão estratégica da internacionalização da UFPE que, ao se apoiar na excelência de seus professores e estudantes, realiza cooperações com as melhores universidades do mundo.

Queremos ir além, abrindo novas fronteiras com países e continentes estratégicos para o Brasil, onde possamos contribuir e nos beneficiar de projetos de países na perspectiva de Boaventura Santos. Esse é o sentido das novas cooperações com Ásia, América Latina e África. Na Ásia, nosso foco está no Japão e na China, onde assinamos acordos de cooperação com Universidades de Tóquio e Yokohama, e de Xi’An, Pequim, Normal de Pequim e Academia Chinesa de Ciências. Cite-se o seminário realizado pela UFPE e Sudene sobre desenvolvimento e disparidades regionais em países emergentes, com pesquisadores de países diversos.

Com instituições da Europa, onde mantemos parcerias consolidadas, inovamos com agenda original com a região Midi Pirineus francesa, através da Universidade de Toulouse, em todas as áreas do saber, em especial aquela envolvendo os Hospitais da UFPE e de Toulouse. Realizamos o seminário Grandes Desafios em Pesquisa e Formação, em parceria com instituições locais e Facepe, e instalamos a Antena Toulouse na UFPE, para desenvolver projetos associando também a América Latina e a África. Temos incentivado a vinda de pós-graduandos da América Latina e Central com bolsas da UFPE, pelo programa Paec-GCUB. No México, cooperamos com a Universidade Nacional Autônoma do México e a Universidade Autônoma do México.

A África é importante nessa visão de internacionalização solidária. O Brasil tem muito a aprender sobre si mesmo ao interagir com a África. A UFPE tem muito a contribuir fortalecendo a educação no continente africano colaborando para a formação de quadros para a gestão da educação. Esse foi o sentido da UFPE ter abrigado, em 2013, o II Forges - Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, com o apoio das universidades portuguesas, brasileiras, africanas e de Macau. Esse é o sentido das ações em andamento com Universidades de Moçambique, África do Sul, Angola, Cabo Verde, Macau e Guiné Bissau.

Trata-se, pois, de fortalecermos as redes de cooperação entre universidades públicas nacionais, com vistas a contribuir para projetos de países que respondam às demandas sociais por acesso à educação superior de qualidade. Para isso, a UFPE se articula com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e com os pesquisadores, alocando contratos de professor visitante para cada continente.

Publicado na edição do Jornal do Commercio de sábado, 12 de julho.

Data da última modificação: 27/10/2016, 14:15

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