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UFPE e cultura

Por Anísio Brasileiro*

A Universidade é, por natureza e tradição, o lugar do conhecimento. Assim como é, por conta dos avanços da sociedade, o espaço da diversidade e da expressão cultural. É quase impossível dissociar os saberes e a cultura que se desenvolvem na Universidade, expressas pela criatividade de sua comunidade, que são as suas mais importantes contribuições à formação da identidade de um povo. A UFPE, desde a criação de sua Faculdade de Direito, em 1827, sempre esteve presente nos movimentos libertários e culturais, a exemplo das ações de Frei Caneca e Castro Alves. Nela, Tobias Barreto liderou a Escola do Recife, tornando-se centro formulador de filosofia. Mais tarde, Evaldo Coutinho iniciaria ali sua grande contribuição para a filosofia e a estética.

Das demais escolas que se agruparam para formar a Universidade do Recife e posteriormente a UFPE (Medicina, Engenharia, Belas Artes, entre outras) também surgiram contribuições cruciais para a cultura brasileira. Um grande exemplo é o Teatro do Estudante de Pernambuco, criado em 1946 por Hermilo Borba Filho e Ariano Suassuna, naquela ocasião estudantes da Universidade. Sem esquecer do impacto gigantesco que teve, no início da década de 1960, o Serviço de Extensão Cultural, fundado por Paulo Freire. Nos dois casos, um importante traço comum: a interlocução entre a cultura erudita e os saberes populares, uma marca que define desde então a política cultural da UFPE.

Hoje, nossa Universidade se renova, com a inauguração de dois espaços culturais no Centro de Artes e Comunicação, herdeiro direto da Escola de Belas Artes: o auditório Evaldo Coutinho e o espaço de convivência Antonio Baltar, este último um urbanista que é exemplo de homem público e democrata. Entre os dois espaços, na Galeria Capibaribe, instalamos nas últimas semanas a exposição de Abelardo da Hora, mestre engajado de tanta significação para as artes visuais do Estado. É no Centro de Artes e Comunicação e no Centro Cultural Benfica (onde fica o nosso Instituto de Arte Contemporânea), que se encontram, hoje, formações fundamentais para a cultura tais como os bacharelados em Dança, Teatro, Cinema & Audiovisual, Artes Visuais, Música, Arquitetura, Letras, Comunicação e Design. A UFPE abriga ainda um conjunto de equipamentos culturais que enche Pernambuco de orgulho, como a TV e Rádios Universitárias, a Editora, a Revista Estudos Universitários, o Memorial Denis Bernardes. E como esquecer que associamos cultura e ciência com nossas coleções biológicas, arqueológicas, paleontológicas e numismáticas. Implantamos o projeto da Sinfônica e da Ópera da UFPE. Estamos trabalhando com o pessoal de teatro e de dança para avançar nessas áreas também. E, brevemente, abriremos ao público o Cinema da UFPE.

A partir desse fantástico conjunto de oportunidades, a Universidade está criando o seu Sistema Integrado de Cultura (SIC-UFPE), agilizando o ensino, a pesquisa e a produção de arte e cultura, formando os novos produtores culturais brasileiros e interagindo com outras forças criativas da sociedade - desde o Ministério da Cultura até clubes carnavalescos e maracatus rurais, passando pelas Secretarias de Cultura de Pernambuco e do Recife. É desse modo, criando laços entre a sociedade, a ciência e a cultura, que uma instituição centenária mantém-se sempre jovem, aberta aos desafios do mundo.

* Anísio Brasileiro é Reitor da UFPE.

Publicado no Jornal do Commercio de 9 de outubro de 2014

Data da última modificação: 27/10/2016, 14:15

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